segunda-feira, 14 de maio de 2012

1957

O primeiro número do quinzenário TV-Magazine foi posto à venda a 15 de Outubro de 1957 e é um dos raros exemplos de revista de qualidade a que o tempo aumentou o interesse. Com 18 páginas em bom papel, no formato 33 x 24 cm, e capa a cores (algumas capas são, ainda hoje, verdadeiramente deslumbrantes) TV-Magazine era uma revista genericamente dedicada à televisão e às suas personalidades, mas abrangendo no seu domínio actividades afins no contexto nacional, tais como a rádio, o teatro, e os espectáculos em geral.

Dirigida por Vitor Direito e com a colaboração, entre outros, de Artur Portela (Filho), a revista era profusamente ilustrada com fotografias de excelente qualidade, constituindo um documento fascinante sobre os alvores da televisão em Portugal. São particularmente notáveis as reportagens "por detrás das câmaras" com imagens dos estúdios da RTP durante as transmissões televisivas em directo.
    
No número 15, publicado em 15 de Maio de 1958, o TV-Magazine abre com um editorial intitulado "Até à vista" em que se despedia dos seus leitores, anunciando ser aquele o último número. Havia uma promessa de voltar que, como é costume nestes casos, nunca se concretizou. É dada uma breve explicação sobre os motivos da terminação: segundo o editorial a circulação era razoável, tendo em atenção o mercado, mas o custo da publicação e, em particular, das soberbas capas fotolitografadas exigia uma receita de publicidade que nunca fora alcançada.

Em retrospectiva a revista era seguramente uma produção muito cara e só se poderia justificar como edição de prestígio, o que exigia um enquadramento de desafogo financeiro que raramente existiu na Agência e muito menos na Primavera de 1958. O formato era demasiadamente grande, o que desincentivava os consumidores e implicava custos de produção acrescidos.
        
 Mas o que seguramente condenou a revista ainda antes da publicação do seu primeiro número foi o facto de as emissões regulares de televisão estarem nos seus primórdios. A cobertura só abrangia ainda uma pequena fracção do País e, nesta época, um aparelho de TV custava cerca de metade do preço de um pequeno automóvel... Os responsáveis da revista compreenderam a exiguidade do mercado e tentaram compensá-la expandindo o âmbito a outros espectáculos, mas mesmo aí estavam limitados porque não podiam conflituar com a Plateia que era um dos pilares da editora e ensaiava na mesma época um novo formato.

O TV-Magazine foi, assim, um quinzenário de televisão lançado num país que praticamente ainda não a tinha. E é curioso notar que teve que se esperar mais cinco anos para a própria RTP lançar uma revista semelhante - o semanário TV aparecido a 2 de Maio de 1963 - mas cuja qualidade e diversidade eram muitíssimo inferiores ao já então esquecido TV-Magazine.

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